Vontade de dizer o óbvio.
Então... Vamos lá: A VIDA É FEITA DE CICLOS.
Chega um momento (e quando se tem 38 anos esses momentos são constantes, creia em mim) em que se olha para trás e é impossível não refletir sobre o que se deixou para trás. E não se trata apenas daquilo que se deixou pelo caminho por escolha própria - ou por falta de. É tudo aquilo que podemos chamar de passado pelo simples fato de já se ter vivido tal coisa. São os amigos, amores, casas, lugares, cidades, escolas, empregos, viagens, desafetos, loucuras, compromissos, privações, desafios, risadas, gafes, preconceitos, topadas, roupas, músicas, livros, jornais, esposas, brinquedos, cartas, documentos, fórmula 1, cadernos, lágrimas, mentiras, verdades, parentes, insônias, vizinhos, cachorros, professores, surras, indigestões, desmaios, festas, dores de barriga, futebol, gripes, cirurgias, férias, provas, namoradas, surpresas, decepções, angústias, compras, demissões, shows, ensaios, porres, peças, consertos e concertos...
É muita coisa, não?
E é da combinação desses fatores em momentos diversos, alguns de cada vez, que nossa história é construída. E os ciclos começam e terminam. Alguns praticamente simultâneos.
Porque somos capazes de encenar várias vidas ao mesmo tempo, atores que somos do absurdo.
Não são poucos os papéis que interpretei nessas quase quatro décadas. Do feto ao bebê de colo. Da criança que engatinhava e que passou a dizer as poucas palavras praticamente incompreensíveis. A primeira vez como o irmão mais velho. As primeiras aulas. O Primário em Roseira. O apaixonado por futebol e perna de pau. A descoberta de que as meninas existiam. O pré-adolescente tímido, imbecil e convencido. O adolescente tímido, imbecil e convencido. A primeira perda real. O estudante Segundo Grau. O primeiro emprego e a falta de responsabilidade. O adulto tímido, imbecil e convencido. O radialista. O namorado que virou marido. O homem separado que precisava começar tudo de novo. O universitário. O homem que apostou tudo e conseguiu ser o mais feliz do mundo por quase um ano. O jornalista. O terrivelmente solitário. O inseguro. O neurótico, ressentido e amargo.
Olhando em perspectiva, acredito que poderia ter sido bem pior.
Mas voltemos ao óbvio. Os ciclos.
Ainda vivo alguns dos personagens que a vida me ofereceu: o universitário e o jornalista estão entre eles. Mas agora existe mais um para a lista.
O otimista.
De tudo o que se passou neste ano, a vida me reservou um pequeno grande presente. A oportunidade de conhecer de verdade alguém que havia surgido tempos atrás de forma discreta, inesperada, mas dentro do script. Fazer a simpatia se tornar admiração, desejo, interesse, saudade, sorrisos, abraços.
Um gostar de alguém que só pode fazer bem.
Tenho agora a sorte de poder começar um novo ciclo contigo, pessoa que tanto admiro e por quem nasceu um sentimento que deixa o coração descompassado e sereno. Confuso e seguro de si. Alegria e ansiedade.
Dessa nova história que passamos a construir juntos não tenho a menor ideia de como ela vai terminar. Não sei o que iremos fazer, para onde iremos. Mas tenho certeza de que, hoje, não existe ninguém com quem gostaria mais de estar junto. Uma criaturinha com quem posso tanto me identificar e dar todos os passos necessários para sermos pessoas melhores.
O que começamos hoje não tem prazo para terminar. E eu quero viver intensamente essa história de nós dois.
Porque só poderia ser com você.
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