sexta-feira, 1 de outubro de 2010

E foi... Assim

Decidi que, a partir de agora... Não.

É uma abstração. Talvez fosse "mais" correto dizer que... Ora, estamos todos perdidos.

Sob esse verniz de que "tudo está bem", essas demonstrações públicas de bom humor, tiradas espirituosas e sacada geniais, na verdade escondemos nossas tristezas e medos. E frustrações.

É o medo da morte, o medo da solidão, a infelicidade de ver a vida passando velozmente enquanto carregamos a pesada corrente que nos deixa para trás. Pode ser o trabalho, o relacionamento indesejado, o vizinho vulgar. A Igreja do Oitavo Dízimo.

Fico imaginando que tipo de disposição vazia pode produzir esses famosos livros de autoajuda que tantos carregam feito um Bíblia Sagrada da Autoestima quando, na verdade, esses sujeitos continuarão por anos sem fim perseguindo clientes em sapatarias perguntando o que desejam. Não são os "dezessete passos acrobáticos do grande empreendedor" que farão a diferença: são as coisas consideradas chatas, cansativas, que fazem a diferença.

Mas ninguém quer realmente suar a camisa do intelecto.

O que se procura é o caminho mais fácil.

Caminhos fáceis à parte, o importante é voltar ao rumo, chega de digressão por hoje. É preciso ter em mente que a vida não é curta, mas as oportunidades podem ser únicas. Amar não é fácil, ser amado menos ainda, talvez. É miseravelmente difícil adivinhar quando esse sentimento tão poderoso, torturante e maravilhoso vai surgir, muito menos se vai resultar em uma via de mão dupla.

É a falta de lógica. À vezes, o que se quer está à sua frente, mas você diz "assim não". Prefere o caminho mais tortuoso, a personalidade diametralmente oposta, apenas porque existe algo que você não consegue definir. É esse pequeno demônio, cupido é fruto da imaginação dos tolos.

Enfim... Demônios, cupidos e sites de relacionamentos são apenas desculpas para o nosso irresistível desejo de ter alguém, seja para não se sentir miseravelmente sozinho ou porque sentir o coração descompassado é tão vital quanto o ar poluído que respiramos. Eu sou assim: preciso amar (talvez não de um amor), sentir esse frio que pode congelar a espinha como se ela fosse partida por touros raivosos em Pamplona, sinto que me relacionar é vital; ter a companhia noite a dentro, o contato, o telefone tocando e o sorriso na hora que acabo de descer do ônibus ou chego atrasado para o cinema.

Definitivamente não quero muito pois acredito, apesar de tudo, que amar não deve ser difícil. Precisamos apenas nos permitir.