Cansaço.
Cansaço sincero.
Cansaço sincero e absoluto.
E é de gente estúpida.
De quem não leva as coisas a sério.
De quem acha que sabe tudo da sua vida, vem querer arrotar suas opiniões sobre tudo e que merce tomar infernalmente no cu.
De quem não percebe que certas coisas são diretamente direcionadas a ela e ainda vem sorrir pra você.
Cansaço de quem não sabe viver.
Que acha que ter uma porra duma casa, esperar que tudo seja do seu jeito, incapaz de perder duas horas de sua vida por algo maior.
Que só vê os defeitos, e nunca a felicidade.
Que vai morrer velha e seca por não se permitir ter um coração aberto.
Cansado de ver tanta gente dizendo desejar a felicidade e fazer absolutamente porra nenhuma para isso.
Cansado de gente que promete,e foge, foge, foge, foge e foge.
E foge.
Cansado de gente covarde.
De gente falsa.
De pretenso conhecimento.
Do academicismo que mascara o puro e cristalino sinal de que está apenas matando tempo e garantindo o seu.
Cansado da inveja.
Cansado das pessoas.
Cansado da felicidade alheia.
Com ódio além do que possa conceber.
E cansado de mim.
Cansado da mesma sequência cotidiana.
As mesmas conversas.
As mesmas promessas.
As mesmas ilusões.
Cansaço de toda noite ser igual.
Toda manhã.
Todo final de semana.
Cansado de ver o tempo passar e nada acontecer.
De acreditar que posso ser um ponto diferente na multidão.
Apenas para descobrir o fantasma que sou.
Cansado de tentar ser legal.
De acreditar que o que sei, o que sou, o que fiz e pretendo ser tem alguma valia.
Porque de nada vale.
Acredite: estou aqui, mas você não me vê.
De tudo o que carrego comigo, somente uma coisa não farei: depreciar meus amigos; são poucos, mas bons. Disso jamais reclamarei.
Mas minha independência, conquistas, cultura, gostos, desejos, a vontade de compartilhar, viver uma vida que suplante a minha existência como um... Ah, isso não vale nada.
É o meu maior engano.
Acreditar em mim.
Acreditar nos comerciais e seriados e filmes e livros.
Em cereais pela manhã.
Em sorrisos ao seu lado quando acordar.
A contar os segundos no ponto de ônibus.
Acreditar que havia uma feia, uma pequena, uma sei lá o quê.
É ilusão.
E tudo isso - e muito mais - me deixa irremediavelmente cansado.
E se passaram apenas 38 anos.
E tudo o que existe é cansaço. E decepção.
Histórias que tiveram um fim - que não foi feliz.
Parabéns, Júlio, você não conseguiu.
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