sexta-feira, 28 de outubro de 2011

A ciência da incerteza

Algumas das sensações mais intrigantes e interessantes são filhas da incerteza.

Essa coisa que se vive agora, perceber que existe algo dentro da caixa que você não sabe o que é.

(Sim, eu vi isso num seriado)

O que lhe é entregue são pequenas pistas, acenos distantes e desfocados e pequenos sussurros que dizem algo, e cabe a você tentar compreender.

Nem tudo na vida é fácil, e não seria agora que tudo seria entregue de mão beijada, rápido, fácil e como num conto de fadas. É o mundo real.

E com pessoas realmente reais, com histórias, personalidade e uma cabeça que ainda é difícil de compreender.

Mas você mesmo não se entende, tem precisado da caixinha verde para não ser consumido pela ansiedade.

Enquanto isso, tolices são deixadas pelo caminho por estupidez em compreender as coisas ou porque simplesmente não valem a pena.

É preciso viver um dia de cada vez e não se consumir pela curiosidade. Pelo menos não na frente dos outros.

Esperar para fazer o convite, torcer para que ele seja aceito, e não vacilar, ser o mais natural possível para que a noite seja perfeita e a manhã... A manhã, geralmente, é a melhor parte.

Suposições, enfim.

Vive-se a semana da incerteza, porque nem sempre a ciência é capaz de ter todas as respostas. Ainda mais quando não se conhece todas as perguntas.

Sua única certeza, por enquanto, é o desejo e um sentimento bom que parte dali, de dentro dessa caixa. E você vai fazer de tudo para descobrir o que existe lá.













Não seja tímida, estamos falando de você.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Bota o branco no preto

Eu gostaria que as coisas fossem mais claras. Pelo menos, deixo tentá-las assim.

Mas vejo que não é o que acontece.

Seria muito melhor se conseguíssemos entender o ser humano, ou que ele deixasse evidente o que quer da vida. Ou que fosse esperto o suficiente para quando você gritar "estou aqui".

Mas não é assim que acontece.

Existe até quem ri como se fosse uma adolescente de 22 anos.

Mas a vida é assim. Expectativas frustradas, desaparecimentos, falta de noção. FALTA DE NOÇÃO.
Coisas que nascem intensamente e desvanecem do nada.

Menos para você, mas quem mandou ser tão confiante?

Algumas situações são mais fáceis, "deletar" alguém da sua vida é uma das vantagens da virtualidade e de suas efemeridades.

Mas outras situações não são tão fáceis assim, e resta saber o que fazer. Gritar, esperar, seguir em frente?

Não é uma questão de instinto, e sim saber que na vida nem toda decisão é certa, e nem toda decisão certa leva ao melhor caminho.

Mas vamos lá.

Hoje é dia do vazio recorrente.

E da sensação de que se voltou, talvez, à estaca zero.

Em contraposição ao sol

Passado, presente e a expectativa de futuro se misturam de tal forma que você não sabe onde está.

O passado lhe permite o conforto, mas ao mesmo tempo fica evidente que o presente é uma impossibilidade. E que o futuro é uma utopia.

O presente? Parece uma miríade de possibilidades, mas apenas para você, O resto do mundo se preocupa com a Líbia, as baladas, em escrever asneiras, refugiar-se em seus quartos ou em outras coisas justificáveis ou estúpidas. Ou apenas tem razão em não querer molhar os pés antes da hora.

E existem os cretinos que só querem saber de se intrometer onde não é chamado.

E quem não consegue te enxergar mesmo que você grite a plenos pulmões, megafone à mão, e om o maior neon do mundo piscando em sua direção. Comerciais de dois minutos e outdoors espalhados pela cidade.

Ok, culpa da sua ansiedade que nem as gotas conseguem resolver.

O futuro? Esqueça. A única certeza é que o sol vai brilhar para alguém, mas você estará em contraposição à luminosidade que fazem as coisas tornarem-se realidade e excitantes e novas e felizes.

A sombra lhe aguarda, paciente. Acomode-se a ela.

sábado, 22 de outubro de 2011

A persistência do tempo

O amor não precisa de dias, semanas ou anos pra te fazer feliz. Ele precisa de pequenos instantes, minutos, breves horas para te lembrar o que é importante.

O abraço do qual sentia tanta saudade. A voz. O sorriso. A forma como tudo parece tão fácil quando se está junto, mesmo que exista hora para acabar e a vida voltar ao que era.

Mas isso não importa.

O que conta são as lembranças, o dia em que se voltou a ser feliz, em que tudo parece ser mais fácil como sempre.

Como se o que acabou estivesse sempre ali, presente.

Porque é o que seu coração diz, e você é esperto o suficiente pra acreditar nele.

Nem todo amor pode ser vivido diariamente, semanalmente, ou em momentos previamente combinados.

O amor é também improviso, o pagar para ver, a inconsequência que te deixa com o sorriso escancarado e o coração leve até o próximo despertar.

Ou até você lembrar que estava apenas sonhando acordado.

Se você já passou por isso...Parabéns.És capaz de saber que o amor pode até ficar escondido nas entranhas do coração, mas que ele jamais irá fenecer.

E procure sempre viver esse dia como se fosse eterno.



quarta-feira, 19 de outubro de 2011

As canções que você fez pra mim

A última sexta-feira foi particularmente marcante, e tudo por causa de uma música.

Que eu não ouvia há anos, que sequer fazia parte do rol das minhas lembranças - ou das minhas favoritas.

Mas enfim... Ela apareceu e, dias depois, dei-me conta de algo que sempre falamos: as músicas que marcam as nossas vidas. Ou, se preferirem, aquilo que duas pessoas chamam de "nossa música".

Cada ser humano tem a sua particularidade, e a minha é a música. Mesmo que não saiba tocar uma nota sequer, ou seja desafinado de assustar crianças ainda no ventre materno. Ouço música  a maior parte do tempo: desde o momento em que acordo até dormir. É no PC aqui de casa ligado ao som, no celular, na televisão, nos DVDs...

Então eu me pego cantando a toda hora, mesmo que baixinho, ou mentalmente, enquanto trabalho, estudo. Sem contar as vezes em que uma frase numa conversa já me remete a uma música qualquer, e assim vai.

E também há as músicas que lembram os amigos, um momento específico da vida - aquele verão em que, ou o fim de semana quando só havia, e as músicas do..Q quando a fúria é maior que tudo. A trilha sonora da destruição.

Bons amigos meus podem ser lembrados por canções que ouço ou que sei que eles adoram, e que ao tocarem em algum lugar no caminho me farão lembrar deles.

Smashing Pumpkins. Aerosmith. Alanis Morissette. The Cure. Sonic Youth. Flávio Venturini. Até mesmo Taiguara (sim, Notle, você ficou marcado da maneira mais bizarra possível). Não importa se eu goste ou não, são pedaços de amizade que carrego comigo.

Mas as músicas mais marcantes, as que podem trazer de volta aquele sorriso ou a dor insuportável... São aquelas que você compartilhou com alguém no passado. Que sempre te farão lembrar daquela figurinha, para o bem ou para o mal.

E que você jamais vai poder dizer para o futuro objeto de desejo que "esta é a nossa música".

Porque é impossível reviver certos momentos.

Sem contar as músicas que se perde com quem não merecia (Sim, sempre vai existir aquela cretina que você vai se arrepender por ter perdido tempo com ela).

No fim, o tempo passa, as boas lembranças ficam, e você ouve aquela música pensando em quem passou e sabe que tudo valeu a pena. E jamais vai querer compartilhar aqueles versos com outra.

Mas também existe o outro lado. As músicas que você ama, adora, que fazem parte do passado e, por isso, são insuportáveis de ouvir. Porque elas te lembram alguém, a história que não deveria ter acabado, mas... Acabou.

E é preciso evitá-las.

Cantem o amor, a alegria ou a tristeza, tolices, um sonho de transatlântico, o meu refúgio...

As formas voláteis do nosso amor.

O que te fazia sorrir às dez da manhã de quarta-feira e que agora é uma lembrança... Que dói.

E é preciso viver com o que se tem, descobrir novas canções e novos amores.

Mas, principalmente, olhar em frente e lembrar que, mais perto do que se imagina, existe alguém que quer dividir suas canções contigo.

Uma nova vida.

Uma nova história.

Esteja onde estiver, saiba que eu quero descobrir qual é a nossa canção.

 E deixar meu coração acelerar quando ela tocar, porque nela estará um pedacinho de ti. E do nosso amor.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

1981-2011

E já se passaram 30 anos.

Tenho o péssimo costume de não lembrar o que se passou na minha vida desde que tenho capacidade para tanto - e isso inclui até mesmo a semana passada. Mas consigo lembrar que, há 30 anos, um dos meus tios (Zé Lúcio!) estava na casa em que morava com meus pais, lá no primeiro Jardim Amália, quando disse a ele que queria ser piloto de Fórmula 1.

Coisa normal: qualquer moleque com oito anos deseja ser essas coisas totalmente extravagantes. E era o ano em que o Piquet acabaria conquistando (ou já havia conquistado, minha memória etc.) o primeiro de seus três títulos. Piloto de verdade, não aquele garoto de comercial de margarina que a Globo vendia como a redenção do país...

Ops, sem digressões. No final das contas, ele disse: "Como você quer ser piloto se tem medo de lagartixa? É só jogar uma no cockpit que você sai correndo..."

Lagartixas à parte, tenho a certeza que, passadas essas três décadas, definitivamente não sou ou estou ou faço o que esperava naquela época - mesmo que não lembre o que esperava da vida em 1981. Eu disse, minha memória...

Certo, parece que estou andando em círculos por nada. O que desejo deixar claro é o seguinte: o mundo é muito maior, assustador e, mesmo assim, otimista quando temos oito anos. Achamos muitas coisas legais, desprezamos outras, pensamos na escola como um martírio, sonhamos coisas que, ao final, nem lembramos mais que foram sonhos. Pelo menos no meu caso.

Os rumos que a vida toma são tortuosos demais para termos certeza do amanhã, mesmo hoje. Que o diga antes dos dez. Só tive certeza do que queria da vida dez anos depois daquela noite em que conversei com meu tio, e mesmo assim passaram-se alguns anos antes de dar os primeiros passos para a minha realização profissional - e que ainda está no meio do caminho, mesmo que já esteja feliz com o que conquistei e faço.
Mas a existência não se resume a "ser piloto de Fórmula 1". Sonhamos com uma série de outras coisas: casas, amores, carros, viagens... E mesmo nisso posso dizer que minhas previsões foram redondamente equivocadas.

O que não quer dizer que o que vivi foi ruim, apenas diferente. Dos amores que vivi, das casas em que morei, e de uma série de pequenas coisas que fiz ou conquistei, muitas valeram a pena.

Temos o costume de pensar que o universo gira ao nosso redor, quando somos, na verdade, muito menores do que imaginamos. E nisso somos tragados por necessidades, decisões alheias, e até pelo Muro de Berlim.

E da mesma forma que hoje sou alguém totalmente diverso do que esperava há 30 anos, em 2041, se ainda tiver capacidade de escrever (ou se ainda estiver vivo), fatalmente estarei em um lugar onde jamais imaginaria estar, talvez com alguém que ainda não conheci - ou que só precisava conhecer melhor - mas, definitivamente, radicalmente diferente do que teria sonhado ou planejado.

Mas estou disposto a continuar no jogo.

E eu não tenho mais medo de lagartixas.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Disciplina é liberdade

Rugby sempre foi um esporte que considerei interessante, mas, até aí, nada demais - sou fanático por futebol americano desde a época das caravelas. Mas comecei a acompanhar e realmente entender as regras do jogo com a Copa do Mundo que se realiza na Terra Média (Nova Zelândia).

Noves fora as danças tribais dos jogadores da Terra Média (Nova Zelândia), Fiji, Samoa e Tonga, é interessante acompanhar a dinâmica do jogos, como cada jogador tem sua função definida, as táticas, os embates nas trincheiras e a disposição sem fim. sujeitos que se arrebentam contra os outros, que racham a cabeça e voltam ao campo com pontos no nariz e onde mais precisar.

E uma imensa torcida que acompanha isso. É o terceiro torneio esportivo de maior audiência no mundo, só perde para a Copa do Mundo de futebol e as Olimpíadas.

Tantos jogos depois - agora já entraram nas semifinais - uma das coisas que mais impressiona é a disciplina. e não falo da disciplina tática, mas da disciplina de quem sabe que se trata de um esporte, onde se luta, batalha, mas precisa haver o respeito. Trocas de "gentilezas" são normais, mas não rola pancadaria gratuita.

E o principal: NINGUÉM PEITA, DESRESPEITA O JUIZ.

No rugby você não se dirige ao árbitro com dedo em riste, peitando, gritando, montinhos de cinco ou seis reclamando do penal marcado. é o juiz que fala contigo, que te chama a atenção, que respeitosamente procura o capitão e diz a ele o que está errado e quais podem ser as consequências. E o capitão repassa as determinações aos demais jogadores.

A coisa é tão séria que o próprio árbitro, muitas vezes determina a posição do jogador, mas que ele saia do ruck (que não vou explicar aqui), tudo na mais absoluta firmeza e educação.

Dito isso, fica a pergunta: porque o nosso futebol é tão diferente assim, visto que os dois esportes são praticamente irmãos? Diz-se que a diferença está no fato de que os jogadores de rugby foram profissionalizados pra valer apenas em 1995, enquanto os árbitros já eram profissionais desde sei lá quando. E todo mundo sabe que, na bola redonda, o profissionalismo dos jogadores existe há quase cem anos, enquanto nossos homens de preto...

Mas só isso não é suficiente. A verdade é que a cultura do futebol se transformou numa cultura de vale (quase) tudo, jogadores aprendendo com árbitros frouxos a se impor em campo, só faltando tomar o apito e cartões de suas mãos.

Aliás, isso já aconteceu...

Futebol é isso: uma profusão de Neymares e Valdívias se atirando em campo por qualquer motivo, técnicos promovendo o revezamento de faltas, jogadores que quase quebram as pernas alheias e cuspindo na cara dos juízes o absurdo da marcação da falta ("futebol é para macho!").

Enfim, uma pequena metáfora de nossos dias.

Onde os seres humanos perdem o respeito alheio, que te tratam como o inimigo, espalhando grosseria e intimidações a três por quatro. Onde o conceito de autoridade - não como o que manda, mas o que orienta - é ridicularizado.

Dizer que se trabalha no que gosta, mas fugir das obrigações com a maior demonstração de ma vontade possível.

Fular filas de bancos, de ônibus, de supermercado, achar que tem que ser atendido primeiro proque "o meu problema é mais importante".

Vencer o "campeonato dos espertos".

Tentando levar em vantagem em tudo.

Com o ilícito sendo a regra, e não a exceção.

Afinal, o importante é conquistar os três pontos.

domingo, 9 de outubro de 2011

Just win, baby!

Vamos combinar que... Do jeito que está, não pode ficar.

Mudanças são necessárias.

E urgentes.

Um tanto difícil saber para onde ir, o que eliminar de ruim e assimilar o duro aprendizado das coisas que se vive até durante os sonhos mais bizarros que se pode ter. Mas vamos fazer algumas coisas, sim.

Analisar melhor quem está à nossa volta.Com quem conversamos. Aquelas "tipas" que realmente não valem duas linhas de conversa.Prestar atenção em quem é realmente interessante. Tem o que dizer. E com senso de humor.

E que fale muito palavrão.

São coisinhas aqui e ali que precisam ser ajustadas.

E eu juro: vou ouvir Stone Roses assim que acordar. I wanna be adored.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Uma corrida impulsionada

Cansaço.

Cansaço sincero.

Cansaço sincero e absoluto.

E é de gente estúpida.

De quem não leva as coisas a sério.

De quem acha que sabe tudo da sua vida, vem querer arrotar suas opiniões sobre tudo e que merce tomar infernalmente no cu.

De quem não percebe que certas coisas são diretamente direcionadas a ela e ainda vem sorrir pra você.

Cansaço de quem não sabe viver.

Que acha que ter uma porra duma casa, esperar que tudo seja do seu jeito, incapaz de perder duas horas de sua vida por algo maior.

Que só vê os defeitos, e nunca a felicidade.

Que vai morrer velha e seca por não se permitir ter um coração aberto.

Cansado de ver tanta gente dizendo desejar a felicidade e fazer absolutamente porra nenhuma para isso.

Cansado de gente que promete,e foge, foge, foge, foge  e foge.

E foge.

Cansado de gente covarde.

De gente falsa.

De pretenso conhecimento.

Do academicismo que mascara o puro e cristalino sinal de que está apenas matando tempo e garantindo o seu.

Cansado da inveja.

Cansado das pessoas.

Cansado da felicidade alheia.

Com ódio além do que possa conceber.

E cansado de mim.

Cansado da mesma sequência cotidiana.

As mesmas conversas.

As mesmas promessas.

As mesmas ilusões.

Cansaço de toda noite ser igual.

Toda manhã.

Todo final de semana.

Cansado de ver o tempo passar e nada acontecer.

De acreditar que posso ser um ponto diferente na multidão.

Apenas para descobrir o fantasma que sou.

Cansado de tentar ser legal.

De acreditar que o que sei, o que sou, o que fiz e pretendo ser tem alguma valia.

Porque de nada vale.

Acredite: estou aqui, mas você não me vê.

De tudo o que carrego comigo, somente uma coisa não farei: depreciar meus amigos; são poucos, mas bons. Disso jamais reclamarei.

Mas minha independência, conquistas, cultura, gostos, desejos, a vontade de compartilhar, viver uma vida que suplante a minha existência como um... Ah, isso não vale nada.

É o meu maior engano.

Acreditar em mim.

Acreditar nos comerciais e seriados e filmes e livros.

Em cereais pela manhã.

Em sorrisos ao seu lado quando acordar.

A contar os segundos no ponto de ônibus.

Acreditar que havia uma feia, uma pequena, uma sei lá o quê.

É ilusão.

E tudo isso - e muito mais - me deixa irremediavelmente cansado.

E se passaram apenas 38 anos.

E tudo o que existe é cansaço. E decepção.

Histórias que tiveram um fim - que não foi feliz.

Parabéns, Júlio, você não conseguiu.

6

Por um instante eu tive o lampejo de escrever algo minimamente positivo hoje, mas a estupidez humana conseguiu castrar toda a minha disposição.

domingo, 2 de outubro de 2011