A última sexta-feira foi particularmente marcante, e tudo por causa de uma música.
Que eu não ouvia há anos, que sequer fazia parte do rol das minhas lembranças - ou das minhas favoritas.
Mas enfim... Ela apareceu e, dias depois, dei-me conta de algo que sempre falamos: as músicas que marcam as nossas vidas. Ou, se preferirem, aquilo que duas pessoas chamam de "nossa música".
Cada ser humano tem a sua particularidade, e a minha é a música. Mesmo que não saiba tocar uma nota sequer, ou seja desafinado de assustar crianças ainda no ventre materno. Ouço música a maior parte do tempo: desde o momento em que acordo até dormir. É no PC aqui de casa ligado ao som, no celular, na televisão, nos DVDs...
Então eu me pego cantando a toda hora, mesmo que baixinho, ou mentalmente, enquanto trabalho, estudo. Sem contar as vezes em que uma frase numa conversa já me remete a uma música qualquer, e assim vai.
E também há as músicas que lembram os amigos, um momento específico da vida - aquele verão em que, ou o fim de semana quando só havia, e as músicas do..Q quando a fúria é maior que tudo. A trilha sonora da destruição.
Bons amigos meus podem ser lembrados por canções que ouço ou que sei que eles adoram, e que ao tocarem em algum lugar no caminho me farão lembrar deles.
Smashing Pumpkins. Aerosmith. Alanis Morissette. The Cure. Sonic Youth. Flávio Venturini. Até mesmo Taiguara (sim, Notle, você ficou marcado da maneira mais bizarra possível). Não importa se eu goste ou não, são pedaços de amizade que carrego comigo.
Mas as músicas mais marcantes, as que podem trazer de volta aquele sorriso ou a dor insuportável... São aquelas que você compartilhou com alguém no passado. Que sempre te farão lembrar daquela figurinha, para o bem ou para o mal.
E que você jamais vai poder dizer para o futuro objeto de desejo que "esta é a nossa música".
Porque é impossível reviver certos momentos.
Sem contar as músicas que se perde com quem não merecia (Sim, sempre vai existir aquela cretina que você vai se arrepender por ter perdido tempo com ela).
No fim, o tempo passa, as boas lembranças ficam, e você ouve aquela música pensando em quem passou e sabe que tudo valeu a pena. E jamais vai querer compartilhar aqueles versos com outra.
Mas também existe o outro lado. As músicas que você ama, adora, que fazem parte do passado e, por isso, são insuportáveis de ouvir. Porque elas te lembram alguém, a história que não deveria ter acabado, mas... Acabou.
E é preciso evitá-las.
Cantem o amor, a alegria ou a tristeza, tolices, um sonho de transatlântico, o meu refúgio...
As formas voláteis do nosso amor.
O que te fazia sorrir às dez da manhã de quarta-feira e que agora é uma lembrança... Que dói.
E é preciso viver com o que se tem, descobrir novas canções e novos amores.
Mas, principalmente, olhar em frente e lembrar que, mais perto do que se imagina, existe alguém que quer dividir suas canções contigo.
Uma nova vida.
Uma nova história.
Esteja onde estiver, saiba que eu quero descobrir qual é a nossa canção.
E deixar meu coração acelerar quando ela tocar, porque nela estará um pedacinho de ti. E do nosso amor.