segunda-feira, 4 de abril de 2011

Sempre existe um momento em que precisamos fugir da solidão como se esta fosse uma criatura invencível, com seus milhares da cavalos de potência ou uma capacidade de permanecer infatigável, enquanto nós, reles mortais que somos, precisamos lutar - e perder - com o fato de que somos falíveis.

É porque essa solidão é um pequeno demônio de dezessete mil vidas, não importa se estamos em um estádio de futebol, em uma lotação, ou rodeados de amigos. Ou da família.

Basta apenas que as coisas deixem de fazer sentido por um instante.

Tudo uma questão de perspectiva, eu sei. Mas não é da nossa natureza o egoísmo? E sejamos sinceros: nem todo o egoísmo é ruim.

Acreditamos piamente que tal coisa nos fará felizes: um carro, o emprego, o título mundial, o sexo sem limites, o amor. A partir daí qualquer coisa que nos impeça parecerá um capricho da natureza, ou simplesmente maldade no coração de alguém.

E isso nos faz terrivelmente solitários.

Mesmo num dia em que tudo pareça correr bem, que seus amigos e colegas te elogiem, que todas as piadas sejam engraçadas, que tudo ocorra a seu tempo, lá estará aquele instante em que você respira fundo, se olha no espelho, e pensa: "que desgraça".

Porque ninguém, definitivamente, conhece o ser humano enraizado na alma que chora, ri, deseja e trama. Sente inveja, medo, decepção.

E, a bem da verdade, você tem o direito de sentir isso. Eu tenho esse direito também.

Hoje eu não me sinto só, sinto apenas saudade de algo que - ora, veja - ainda não vivi. Mas anseio. O que sinto hoje é a ausência.

Mas também tive meus dias ruins, não imaginas o quanto. E eram dias bons, ao final. Porém, me reservei o direito de achar que tudo, quando as cortinas baixavam, as luzes se apagavam e deitava virado para o lado vazio da minha cama... Ah, a solidão me perseguiu, sim.

Com certeza não estou absurdamente feliz como tempos atrás, pelo menos não posso me queixar da tristeza insensata. Tenho uma boa carga de esperança inflamando meu peito.

Vamos ver como será o amanhã.

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