segunda-feira, 29 de agosto de 2011

730 dias

Eu só queria voltar a ser o que fui durante um breve espaço de tempo: o homem mais feliz do mundo.

3

É estúpido, sim.

Saber que todas as possibilidades estão contra e, mesmo assim, não desistir.

Ver do nascer ao pôr do sol nada mudar e, ao final, não esmorecer.

Muito em razão de as opções não mudarem, a novidade nunca surgir, estar aberto o que poderia vir. Mas que nunca chega. Estando disposto ou não, a história tem sempre o mesmo final.

Ou repete os capítulos.

Ou simplesmente acontece nada.

E o que fica é a saudade. A vontade. Aquela angústia. Uma esperança difusa, tola, inacreditável, que qualquer um do outro lado da cerca pode perceber. Menos quem deveria.

É saudade, saudade, saudade e saudade. E saudade. é o indefinível, absurdo mesmo. Daqueles enormes, abissais, vontade imensa de gritar e partir e procurar e se declarar pela octagésima milésima vez.

Porque é impossível desistir. Porque não há motivos para acreditar.

Mentira.

Há motivos, sim. É aquela coisa que alimenta algo que é chamado de alma. E de coração. E de desejo. E de vontade de viver algo que parece nunca ter fim, que só precisa do olhar e de poucas palavras para parecer que é imortal, que jamais foi interrompido. Que é a perfeição em forma de momento. Tirar do cotidiano a força motriz capaz de tornar a existência um pouco menos opressora, vazia e inútil.

Algo único que só conseguimos sentir por uma pessoa.

E é a pessoa que realmente importa.


quinta-feira, 18 de agosto de 2011

351

O tempo passou mais depressa do que se esperava. Ao se deparar com a estrada percorrida, percebeu que o percurso fora longo.
Muitas paradas, novos caminhos desconhecidos. Estradas pavimentadas de ouro, ilusões e apenas a boa e velha terra batida.

Que muitas vezes se transformou em lamaçal.

Sem contar as vezes em que se acabou perdido no acostamento. Porque o ônibus partiu e não fez a menor questão de avisar.

E nisso o tempo passou. A estrada se bifurcou. Ou o caminho era apenas um.

Ou vários, mas isso não importava: pois não havia opção. Pelo menos, acreditava-se nisso. Porque havia a necessidade desesperadora de se chegar a algum lugar.

Que era, enfim, lugar nenhum.

Até chegar o momento em que se descobre que o ponto de chegada é o ponto de partida. Pois, não importa o que aconteça, todos os caminhos sempre me levam até você.